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Os 3 tipos de TDAH: entendendo as diferenças e como identificá-los

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo. Caracteriza-se por sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade que podem interferir significativamente na vida diária e no desenvolvimento do indivíduo. Compreender os diferentes subtipos de TDAH é essencial para um diagnóstico preciso e para o estabelecimento de estratégias de tratamento eficazes.


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Neste artigo, exploraremos detalhadamente os três subtipos de TDAH reconhecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5): desatento, hiperativo-impulsivo e combinado. Abordaremos os sintomas característicos de cada subtipo, os critérios diagnósticos e forneceremos insights baseados em pesquisas científicas publicadas.


1. TDAH tipo desatento

Características principais

O TDAH tipo desatento é marcado por uma dificuldade persistente em manter a atenção e a concentração. Indivíduos com este subtipo podem parecer desligados, esquecerem-se facilmente de detalhes e terem dificuldade em seguir instruções.


Sintomas comuns

  • Desatenção a detalhes: Comete erros por descuido em tarefas escolares, de trabalho ou outras atividades.

  • Dificuldade em manter a atenção: Tem dificuldade em manter-se focado em tarefas ou atividades lúdicas.

  • Parece não escutar: Quando falado diretamente, parece não prestar atenção.

  • Não segue instruções: Não completa tarefas ou deveres devido a distração.

  • Dificuldade na organização: Tem problemas para organizar tarefas e atividades.

  • Evita tarefas que exigem esforço mental sustentado: Relutância em iniciar tarefas que requerem concentração prolongada.

  • Perde objetos necessários: Extravia itens como materiais escolares, chaves, documentos, etc.

  • Facilmente distraído: Por estímulos externos ou pensamentos irrelevantes.

  • Esquecimento em atividades diárias: Esquece compromissos, datas ou tarefas rotineiras.


Diagnóstico

Para um diagnóstico de TDAH tipo desatento, pelo menos seis dos sintomas acima devem estar presentes por, no mínimo, seis meses e serem inadequados para o nível de desenvolvimento do indivíduo [1]. Esses sintomas devem causar prejuízo significativo em pelo menos dois ambientes (por exemplo, casa, escola ou trabalho).


Evidências científicas

Pesquisas indicam que o subtipo desatento pode estar associado a déficits nas funções executivas, particularmente na memória de trabalho [2]. Além disso, é mais prevalente em meninas e pode ser menos identificado devido à falta de comportamento hiperativo evidente [3].


2. TDAH tipo hiperativo-impulsivo

Características principais

Este subtipo é caracterizado por níveis excessivos de atividade motora (hiperatividade) e comportamentos impulsivos. Indivíduos podem parecer constantemente em movimento e agir sem pensar nas consequências.


Sintomas comuns

  • Agitação motora: Agita mãos ou pés, ou não consegue permanecer sentado.

  • Levanta-se frequentemente: Em situações em que é esperado que permaneça sentado.

  • Corre ou escala em situações inadequadas: Em adolescentes ou adultos, pode ser limitado a sensações de inquietação.

  • Dificuldade em atividades silenciosas: Incapaz de engajar-se em atividades de lazer de forma tranquila.

  • "Acelerado": Age como se estivesse "a todo vapor" ou "ligado na tomada".

  • Fala excessivamente: Dificuldade em permanecer em silêncio.

  • Responde precipitadamente: Interrompe ou responde antes que a pergunta seja concluída.

  • Dificuldade em esperar a vez: Impaciência em filas ou jogos.

  • Interrompe ou se intromete: Invade conversas ou atividades alheias sem permissão.


Diagnóstico

Assim como no subtipo desatento, pelo menos seis sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses [1]. Os sintomas devem ser inadequados para o nível de desenvolvimento e causar prejuízo funcional.


Evidências científicas

Estudos mostram que o subtipo hiperativo-impulsivo está associado a maior risco de comportamentos disruptivos e problemas de disciplina [4]. Essa apresentação é mais comum em crianças mais novas e tende a diminuir com a idade, embora a impulsividade possa persistir [5].


3. TDAH tipo combinado

Características principais

O subtipo combinado é diagnosticado quando critérios para ambos os subtipos desatento e hiperativo-impulsivo são atendidos.


Sintomas comuns

  • Combinação de sintomas: Apresenta seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais de hiperatividade-impulsividade.

  • Impacto generalizado: Os sintomas causam prejuízo significativo em múltiplos ambientes.


Diagnóstico

Os critérios diagnósticos incluem a presença dos sintomas de ambos os subtipos por pelo menos seis meses [1]. É o subtipo mais comum entre crianças e adolescentes.


Evidências científicas

Indivíduos com TDAH combinado tendem a apresentar maior gravidade nos sintomas e maior probabilidade de comorbidades, como transtornos de conduta e de aprendizagem [6]. Pesquisas sugerem que este subtipo está associado a um impacto mais significativo no funcionamento acadêmico e social [7].


Como identificar os diferentes subtipos de TDAH

Processo diagnóstico

O diagnóstico de TDAH é complexo e requer uma avaliação abrangente por um profissional de saúde mental qualificado. O processo inclui:

  • Entrevistas clínicas: Com o paciente, familiares e, se aplicável, professores ou cuidadores.

  • Questionários padronizados: Como o Conners' Rating Scales ou o SNAP-IV.

  • Histórico médico e desenvolvimento: Avaliação de possíveis condições médicas ou psicológicas coexistentes.

  • Observação comportamental: Em diferentes ambientes para avaliar a consistência dos sintomas.


Importância da avaliação diferencial

É crucial diferenciar o TDAH de outros transtornos que podem apresentar sintomas semelhantes, como:

  • Transtornos de ansiedade

  • Depressão

  • Transtornos de aprendizagem

  • Transtornos do espectro autista


Fatores de risco e genética

O TDAH tem uma forte componente genética, com estudos indicando uma herdabilidade de cerca de 76% [8]. Fatores ambientais, como exposição pré-natal ao tabaco ou álcool, também podem contribuir.


Abordagens de tratamento

Embora o foco deste artigo seja a identificação dos subtipos de TDAH, é importante notar que o tratamento pode variar conforme o subtipo e a gravidade dos sintomas.


Intervenções comuns

  • Psicoeducação: Educação sobre o TDAH para o indivíduo e a família.

  • Terapia comportamental cognitiva (TCC): Focada em desenvolver habilidades de gerenciamento de sintomas.

  • Medicação: Como estimulantes (metilfenidato) ou não estimulantes (atomoxetina).

  • Intervenções escolares: Planos educacionais individualizados para apoiar o desempenho acadêmico.


Importância do tratamento personalizado

Cada indivíduo com TDAH é único, e um plano de tratamento eficaz deve ser adaptado às necessidades específicas, considerando:

  • Idade e estágio de desenvolvimento

  • Subtipo de TDAH

  • Presença de comorbidades

  • Preferências pessoais e familiares


Conclusão

Compreender os três subtipos de TDAH é essencial para a identificação precoce e o manejo eficaz do transtorno. Um diagnóstico preciso permite que indivíduos afetados recebam intervenções adequadas, melhorando significativamente sua qualidade de vida.

Se você suspeita que você ou alguém próximo possa ter TDAH, procure um profissional de saúde mental qualificado para uma avaliação detalhada.


Referências

  1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.

  2. Martinussen, R., Hayden, J., Hogg-Johnson, S., & Tannock, R. (2005). A meta-analysis of working memory impairments in children with attention-deficit/hyperactivity disorder. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 44(4), 377-384.

  3. Gershon, J. (2002). A meta-analytic review of gender differences in ADHD. Journal of Attention Disorders, 5(3), 143-154.

  4. Willcutt, E. G., Doyle, A. E., Nigg, J. T., Faraone, S. V., & Pennington, B. F. (2005). Validity of the executive function theory of ADHD: a meta-analytic review. Biological Psychiatry, 57(11), 1336-1346.

  5. Biederman, J., Mick, E., & Faraone, S. V. (2000). Age-dependent decline of symptoms of attention deficit hyperactivity disorder: impact of remission definition and symptom type. American Journal of Psychiatry, 157(5), 816-818.

  6. Pliszka, S. R. (2000). Patterns of psychiatric comorbidity with attention-deficit/hyperactivity disorder. Child and Adolescent Psychiatric Clinics of North America, 9(3), 525-540.

  7. Murray, A. L., & Booth, T. (2015). Do reviews of psychiatric comorbidity in developmental dyslexia reflect the conceptualization of developmental disorders? Journal of Learning Disabilities, 48(6), 571-582.

  8. Faraone, S. V., & Mick, E. (2010). Molecular genetics of attention deficit hyperactivity disorder. Psychiatric Clinics, 33(1), 159-180.

 
 
 

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